Um dos gêneros que eu gosto menos de analisar, o terror, me surpreendeu de forma bastante positiva com A lenda de Candyman. Dirigido e escrito por Nia daCosta, em seu segundo longa para o cinema, Candyman traz um enredo que pode parecer confuso no começo, mas mostra a que veio durante seu desenvolvimento. Isso graças ao também escritor e diretor Jordan Peele, que é bastante conhecido por “Corra” e “Nós”, filmes que apontam temáticas sobre a exploração da população negra americana e o preconceito social por eles vividos que neste filme, também deixa sua marca. Toda a trama é muito bem contada, fazendo com que toda a tensão do filme seja sentida pelos espectadores, acompanhada por um trilha sonora quase perfeita. O filme traz uma analogia muito interessante sobre a colmeia e a polícia americana, que nos faz pensar sobre um método de ataque (caracterizado como “defesa”) brutal. A fotografia é um pouco carregada, mas está perfeita para o tom sério do filme. A trilha sonora não deixa a desejar, assim como os efeitos sonoros, que estão pontualíssimos. As atuações estão impecáveis e a escolha dos atores foi ímpar, com Yahya Abdul-Mateen II e Teyonah Parris no elenco. Dois muito bons dessa novíssima safra de talentos que está despontando em Hollywood.
A Lenda de Candyman chega a ser um filme brutal, e não vulgar, que consegue mostrar que os horrores, às vezes, não vem de lendas sobre seres com casacos pesados e ganchos, e sim, um que está presente no dia-a-dia de muitas pessoas. Nia DaCosta consegue com A Lenda de Candyman maravilhosamente unir arte, suspense e uma dose de sobrenatural para falar com propriedade sobre diversas e espinhosas questões. Uma das melhores surpresas desse longa é que mesmo sendo continuação direta do longa de 1992, não é preciso vê-lo para entender esse. Mas é preciso dizer que os dois filmes se completam e se ligam muito bem sem o menor esforço.
Minha nota para esse filme é: