Já estreou um dos filmes do ano: “O Brutalista” - Renascença

Quando recebi o convite da Universal para a cabine de O Brutalista, já fui preparado para o desafio de 3 horas e 33 minutos de projeção. O que eu não estava preparado foi conferir as resoluções bizarras e ridículas que o diretor Brady Corbert nos fez testemunhar em algumas passagens. Cenas que estragaram um belo e ousado filme.

O Brutalista é apenas o 4º filme para o cinema do diretor Brady Corbert, cujo trabalho mais conhecido é o longa Vox Lux – O Preço da Fama com Natalie Portman. O Brutalista é um projeto ambicioso e grandioso que deveria ter sido entregue a um diretor com mais experiência. Acredito que se isso fosse feito o resultado teria sido bem mais satisfatório. Além de dirigir, Brad Corbert também é responsável pelo roteiro juntamente com Mona Fastvold de Vox Lux – O Preço da Fama.

Para que o espectador entenda do que se trata O Brutalista e não vá ao cinema pensando em assistir uma coisa e se depare com outra totalmente diferente, O Brutalista é a história de um arquiteto, magnificamente interpretado por Adrien Brody que vem para a América fugido da devastação causada pela II Grande Guerra na Europa tentar reconstruir sua vida ao lado de sua esposa e sobrinha. Para quem não sabe, o Brutalismo  foi um estilo arquitetônico que surgiu na segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra MundialO movimento valorizava a simplicidade e a funcionalidade, e se caracterizava pelo uso predominante de concreto aparente. Infelizmente, temos poucos filmes com essa temática. Deveriam haver mais produções desse porte que nos apresentasse mais sobre a arquitetura mundial.

Das 10 indicações recebidas por esta produção aos prêmios Oscar desse ano, só acho que seja merecedor nas categorias: ator principal e coadjuvante, atriz coadjuvante e fotografia.

Não gosto do estilo de direção do diretor Brad Cobert ao usar planos muito fechados, o que torna a experiência um tanto quanto cansativa devido a metragem bastante extensiva dessa produção. Mas, tenho que afirmar que ele conseguiu entregar um drama épico que fez o dever de casa em agradar a crítica pelos temas polêmicos que aborda e pela maneira realista como os mostra em cena.

Votantes do Oscar estão votando em "O Brutalista" sem assistir ao filme  inteiro

Uma das interessantes abordagens dessa produção é que ela mostra que todos nós precisamos seguir em frente e pelo fato de sermos imigrantes é que temos de mostrar o que sabemos fazer melhor do que todos se quizermos nos sobressair e conseguirmos nos estabelecer em uma cultura completamente diferente da nossa, estando sujeito a todo tipo de preconceito, dificuldades, traumas e problemas financeiros que quer queiramos ou não, vem junto.

De acordo com os produtores de O Brutalista, sua longa duração é devido a riqueza da história de seu protagonista. Dividida em 3 atos e em nossos cinemas haverá um intervalo de 15 minutos. A última vez que testemunhei um interregno desses foi quando tive o privilégio de assistir a reinauguração do Teatro Bolshoi ao vivo e em uma sala de cinema com uma linda e tocante apresentação do corpo de balet daquela companhia. Um espetáculo inesquecível. Outro ponto que muitos “entendidos” irão estranhar é o formato de apresentação desse filme. O diretor Brad Corbert optou por filmar em Vistavision 70mm, um formato amplamente utilizado e que faz total sentindo para a exibição.

Outro ponto a se destacar em O Brutalista foi a escolha das músicas para a trilha sonora. Quem conhece a música do período pós-guerra no mundo, não vai ficar decepcionado com a escolha feita pelo diretor e pelos produtores.

Minha nota para esse filme é:

Número 7 em ACM Preto 185mm - 685-7 - NUMERAL