Em 1978 o falecido dublê e diretor Hall Needham dirigiu o longa Hooper, o homem das mil façanhas com seus amigos e colaboradores Burt Reynolds (Agarra-me se puderes 1 e 2, Quem não corre…voa 1 e 2) e Sally Field (Agarra-me se puderes 1 e 2 e Hooper). Needham proporcionou um espetáculo de proezas jamais visto até então. Tudo que estava disponível na época em termos de técnicas de filmagem e proezas foi disponibilizado para esse filme. E quase 50 anos depois o diretor e também dublê David Leitch (Trem-bala, Atômica) no entrega um filme com tudo mais que o seu predecessor. Com mais proezas e bem mais divertido. A base para essa produção é o seriado oitentista Duro na queda com o eterno homem de 6 milhões de dólares Lee Majors no papel principal.
A premissa é bem simples: Um dublê bastante conhecido em Hollywood que nas horas vagas trabalha como caçador de recompensas para conseguir pagar as contas no final do mês. E foi assim que Colt Seavers nos entreteu durante 5 temporadas nas tardes de domingo quando valia a pena ficar em frente a TV aberta nos finais de semana. David Leitch dirige a dupla Ryan Gosling e Emily Blunt em uma aventura de tirar o fôlego que entrega o que promete e não decepciona nem a geração de hoje nem a que viveu naquela gloriosa e maravilhosa década televisiva. Mesmo sem gostar da persona, tenho que admitir, Ryan Gosling é um dos, senão, o ator mais versátil da atualidade, não decepcionando em nenhum papel que aceita representar. Drama, comédia, policial, aventura ou ação, o cidadão arrasa em todas as produções que tem o seu nome no elenco.
Não importando o tamanho ou a importância de seu papel. Para sua companheira de tela, a escolha não poderia ter sido melhor, Emily Blunt (Um lugar silêncioso 1 e 2, Os agentes do destino) também arrasa e os dois formam um casal sensacional em um filme que consegue provar que mais de 2hrs quase que initerruptas de ação e aventura ainda tem espaço na tela grande. Tudo que você já viu de clichês cinematográficos em sua vida estão presentes nessa produção com a adição de milhares de loucuras inventadas pelos produtores. E o motivo principal de não ser uma coisa chata é que o universo o qual o filme representa é exatamente esse.
E não é só o elenco principal que funciona nesse filme, todo o resto também dá certo. Desde os atores coadjuvantes que tem o tempo certo de tela, até incluindo um safado cãozinho que é um dos vários e oportunos alívios cômicos. Até a música, recheada de sucesso dos anos 80 e também os efeitos sonoros que foram inseridos como “easter eggs” para a galera do cinema e da TV dos anos 70 e 80.
O dublê é uma merecida homenagem a uma das classes mais importantes e mais esquecidas de prêmios do cinema. A classe dos dublês. Uma classe a qual sempre admirei e passei a admirar mais ainda após conhecer alguns dublês e de conversar um pouco sobre a profissão com eles. Muito se fala em se criar uma categoria nos prêmios Oscar para os dublês, mas até agora, ainda nada. Essa categoria já deveria ter sido criada desde quando Hall Needham e Burt Reynolds reinventaram o cinema de ação no final dos anos 70.
Apenas uma única coisa não me agradou em O dublê. O fato da Universal não ter colocado o título Duro na queda a essa produção. E digamos de passagem, ficaria bem mais legal do que esse genérico dublê. Título pelo qual já encabeçou várias fracas produções sobre o gênero nos anos 70 e 80. Mas nenhuma que chegasse nem perto de Hooper de 78 ou O dublê de 2024
Pode ir para o cinema sem medo de se divertir. O dublê é sem dúvida o maior e melhor filme de ação desse ano (posso dizer isso com toda certeza e ainda estamos em maio). Um filme que leva aquela velha máxima: “Cinema é a maior diversão” ao extremo. Só faltava para ser completo o trailer ser narrado pelo saudoso Jorgeh Ramos. “NUM CINEMA PERTO DE VOCÊ”.
O segundo filme baseado em séries televisivas dos anos 80 que não decepciona (o primeiro foi Esquadrão Classe-A). Como sou purista e radical demais, O dublê perdeu um ponto apenas pelo fato de não se chamar DURO NA QUEDA. Então, minha nota para esse filme é
Eu sei de fonte segura que essa nota só não foi maior por birra.