Confesso que uma das piores coisas que nós, críticos ou analistas de cinema, temos que enfrentar é achar que já podemos deduzir como vai ser um filme pela suposta “experiência” que achamos que temos adquiridos ao longo dos anos. Em 2014 uma produção veio provar que estávamos errados e o tal “mais do mesmo” chegou alí e parou. Keanu Reeves já havia se firmado como um grande ator para filmes de ação desde os anos 90 quando Caçadores de emoção chegou ao cinemas. Aí veio a trilogia Matrix, depois disso e de alguns projetos de gosto bastante duvidoso ele ficou um pouco afastado de grandes produções. Mas resolveu dar uma chance ao primeiro exemplar da série John Wick. A partir daí, fomos apresentados a um universo bastante interessante de assassinos contratados e códigos de conduta onde tudo era feito da maneira arcaica mais moderna já mostrada no cinema. Uma grande inovação que se provou funcionar com o tamanho sucesso que se tornou trazendo de volta Keanu Reeves aos holofotes. Uma continuação era inevitável. Então em 2017 ela chegou fazendo mais sucesso que o seu predecessor, um caso bastante incomum na Hollywood de hoje em dia. Tudo começou a mudar em 2019 quando a terceira parte – Parabellum – chegou aos cinemas. O primeiro filme teve um orçamento de 20 milhões e arrecadou cerca de 86 milhões no mundo . A segunda parte custou 40 milhões e somente no primeiro final de semana nos EUA arrecadou mais de 30, chegando a faturar 171 milhões – . A terceira parte recebeu um orçamento de 75 milhões e obteve um lucro de quase 330 milhões – lucrando 337%. Uma das pouquíssimas franquias da história do cinema em que os filmes sucessores arrecadaram bem mais que o original.
Quando eu mencionei algumas linhas acima que tudo começou a mudar na terceira parte da história de John Wick, foi a maneira de como eu comecei a encarar esses filmes: apenas como puro entretenimento. O mesmo sentimento, infelizmente que tive com a série Máquina Mortífera nos anos 80-90, onde somente o primeiro é para ser levado a sério. Pouquíssima coisa se inovou da segunda para terceira parte, a deixando bem abaixo das expectativas. Mas o carisma do personagem e o universo caiu tanto no gosto do púnlico e da crítica que os números estão aí para justificar a quarta parte recém-lançada em nossos cinemas.
Ou eu estou ficando um tanto quanto velho demais para certas produções ou realmente o cinema pós-pandemia perdeu quase que completamente a capacidade de inovar. Vide Pânico 6 que é um Control C – Control V de seus predecessores.
John Wick 4 inova em pouca coisa e traz o protagonista como uma pessoa quase que totalmente indestrutivel em proezas insanas que mantém seu público cativo nos cinemas e pelos primeiros números apresentados, vai ser o capítulo de maior arrecadação da franquia.
Hollywood está precisando se reinventar. Espero que seja para melhor com a franquia Transformers que tem uma cartada na manga para estrear daqui a alguns meses e Indiana Jones que merece um final digno para que esqueçamos do patético e fraquíssimo 4º filme que nos foi empurrado goela abaixo há alguns anos.
Mesmo com, admito, maravilhosas cenas de ação, as quais Keanu Reeves participa em quase 100% delas, John Wick 4 não empolga tanto e chegar a ser risível em algumas sequências completamente iverossímeis mesmo para esse universo ao qual fomos apresentados no terceiro filme. O exagero e a iverossimilidade sempre são bem-vindas quando nos trazem novidades e nos fazem pular das nossas cadeiras. Infelizmente vi muito pouco disso em John Wick 4.
Minha nota para esse filme é: