A carreira do cineasta M. Night Shyamalan é uma das mais incostantes do nosso cinema. Grande parte de seus filmes se iguala a uma boa parte dos filmes da industria cinematográfica de Hollywood. Na maioria das vezes, uma ótima ideia pessimamente aproveitada e/ou são mestres em iniciar e desenvolver mas ainda tem muito o que aprender no terminar. Se você que está lendo ficou um pouco confuso com essa minha afirmação, veja a inconstante filmografia de Shyamalan e entenda melhor.
O sexto sentido (1999) – O grande acerto de sua carreira e o melhor filme do cineasta até a presente data.
Corpo Fechado (2000) – Não tem meio termo, ou é adorado ou é odiado. Na minha opinião, não passa de um filme interessante.
A vila (2004) – Filme mediano com mais erros do que acertos e o que vale o ingresso é o desfecho. Ótima ideia medianamente aproveitada.
A dama na água (2006) – Um dos piores filmes de sua carreira. Ideia interessante mas contada de forma totalmente equivocada. Começa aqui uma sequência de filmes muito ruins.
Fim dos tempos (2008) – Filme que vai de nada a lugar nenhum.
O último mestre do ar (2010) – Baseado em uma série de animação. Foi querer sair de sua seara de especialidade para tentar melhorar sua carreira e o que aconteceu foi exatamente o contrário.
Depois da terra (2013) – Interessante filme de ficção que se tivesse sido comandado por um diretor mais experiente nesse gênero o resultado final teria sido melhor. De mediano para bom.
A visita (2015) – Uma pequena melhorada em uma carreira já descendo a ladeira.
Fragmentado (2016) – Mais uma vez soube desenvolver e não soube finalizar. O que vale aqui é a atuação de James McAvoy que está brilhante.
Vidro (2019) – O final de uma trilogia que deveria ter permanecido apenas com Corpo fechado.
Tempo (2021) – Achei interessante, mas após ler a graphic novel o qual o roteiro é baseado, ví a grande chance perdida que Shyamalan teve.
E aí, quando tudo parece estar rumando para o fim de uma carreira, eis que surge o longa Batem a porta (2023). Uma redenção e a “aparente” volta de Shyamalan a uma linha a qual ele nunca deveria ter abandonado.
O mais interessante dessa produção é que por se tratar de um filme de M Night Shyamalan, você já vai ao cinema com um pé atrás e muitas vezes adquiri o ingresso por simples falta de opções, como foi o meu caso. É aí que o espectador se dá conta que estava enganado e lhe é entregue um filme aonde cabem várias interpretações dependendo do estado de espírito em que estamos. Um filme que, nas suas devidas proporções, eu o comparo ao extraordinário Mãe de Darren Aronofsky lançado em 2017.
Em Batem a porta, Shyamalan usa e abusa da sua habilidade de filmar em espaços limitados. E isso é determinante para a compreensão dos acontecimentos do filme.
Outro grande adido a esse filme é o elenco. Dave Bautista (Os guardiões da galáxia) provou com honras que não é mais um brutamontes linear do cinema e que também é um ótimo ator. O resto do elenco também está muito bem o que é de fundamental importância para que esse filme não fosse prejudicado. Um filme violento e que impacta, mas, o impacto não está nem tanto na violência física e sim nos diálogos apresentados que nos trazem muitas reflexões e introspectos.
Às vezes, após assistir a uma produção nesses moldes, vejo que ainda tenho muito a aprender sobre compreensão cinematográfica, pois, ao ler as críticas publicadas e constatar a total insatisfação da maioria dos críticos a cerca desse filme, vejo que realmente ou eu vi um filme completamente diferente do que eles viram ou eu ainda tenho muito o que aprender sobre cinema. E sempre quase todos estão de acordo em seus comentários. O que diferencia é o estilo de escrita ou de apresentação de cada um. Mas….se todos nós tivéssemos a mesma opinião sobre tudo e todos, esse mundo seria uma droga. O bom é a divergência de opiniões para que os fatos sejam apresentados de diferentes pontos de vista sem exageros e fanatismos.
E outro fator que vai prejudicar a carreira e a compreensão desse filme tanto no cinema como nos streamings é a falta de opinião própria que grande parte do publico possui. Analistas e críticos deveriam ser lidos e vistos como guias para o que queremos ler, ver ou comprar. Sempre sendo obrigação do público assistente a leitura de mais de uma opinião para puder criar suas próprias.
Outro ponto que achei bastante positivo nesse filme foi o fato de Shyamalan ir direto ao ponto e não perder tempo tentando explicar o que vai ser feito, não tornando assim o filme longo e chato.
Resumo da ópera: Batem a porta é um filme difícil, que levanta vários questionamentos, e um grande acerto de M Night Shyamalan entre tantos erros em sua carreira.
E lembrem-se: NUNCA deixem de assistir a um filme porque a crítica ou alguém próximo a você o detonou. O lixo de alguns é o tesouro de outros.
Minha nota para esse filme é: