Ficheiro:Mickey 17 logo.png – Wikipédia, a enciclopédia livre

A mistura de gêneros é um desafio cinematográfico e tanto, porque ou os realizadores entregam um filme sério misturando os 2 temas escolhidos ou o filme é dividido em momentos, alternando os temas escolhidos. É aí que reside o problema, pois dividir e entregar um filme enxuto, é uma tarefa bastante complexa e não tão fácil o quanto se imagina. Infelizmente, Bong Joon Ho, o cineasta realizador de O parasita, não acertou nesse ponto em seu novo filme, Mickey 17. O parasita, para quem não lembra, foi o ganhador dos prêmios principais no Oscar de 2020: filme (não mereceu), filme internacional (aí, sim), diretor e roteiro original. Mickey 17 é o seu primeiro filme desde O parasita, uma produção que não se decide durante toda sua projeção se quer ser ficção ou comédia. Começa bem nos dois, mas desliza em não saber qual dos dois quer priorizar.

Bong Joon Ho também assina o roteiro dessa produção junto com Edward Ashton, autor do livro no qual o roteiro é baseado e que tem em Mickey 17, seu primeiro trabalho para o cinema. Uma das poucas coisas boas que Mickey 17 nos traz é o elenco: Robert Pattinson de Batman e Tenet, Mark Ruffalo da cinessérie Os Vingadores, Toni Collete do excelente Hereditário e Naomi Ackie de I Wanna Dance With Somebody a cinebiografia de Whitney Houston são, como citei anteriormente, os poucos atrativos que Mickey 17 tem, pois seja nas horas de comédia ou nas horas mais “sérias”, eles entregam muito bem.

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Bong Joon Ho tenta mostrar como os seres humanos são ao mesmo tempo descartáveis e únicos, pois, mesmo que clonados com perfeição, nunca uma cópia será 100% igual ao seu original, imaginem 18 delas ao longo do filme. Mickey 17 é mais um daqueles filmes, em que a ideia é boa, mas são tantas subtramas a serem abordadas que eu acredito que funcionaria melhor se fosse lançado no formato de minissérie. Aí sim, nesse caso a divisão entre comédia e ficção seria bem melhor não teria falhado tanto como mostrada em pouco mais de duas horas de projeção.

Outro, dos poucos pontos positivos desse longa, é a caricaturização dos personagens de Mark Ruffalo e Tonni Collete, como os líderes corruptos que de tão ruins pessoas que são, tem que optar para continuar suas maldades tentando colonizar outro planeta. E quando o encontram, a maldade está tão intrisicamente aportada em suas mentes que ele prefere exterminar a vida alienígena encontrada do que tentar descobrir se ela será um empecilho ou não para a conquista de seus objetivos.

Robert Pattinson entrega com perfeição os dois Mickeys por ele interpretado. O que só apenas funcionou graças ao ótimo elenco secundário. Pois, se apenas Robert Pattinson estivesse bem ao longo da produção, o resultado seria outro, bem diferente. Outro ponto interessante abordado pelo diretor, é que a cada clonagem do protagonista Mickey ele adquire mais um pouco de experiência e consegue levar essa experiência adquirida para seus clones que recebem suas memórias através de um HD em forma de tijolo. Gostei bastante dessa figura de linguagem usada de forma irônica. Se o espectador encarar essa produção como uma crítica a sociedade em que vivemos, dadas as suas devidas proporções, irá receber de forma bem melhor do que se for na certeza que verá uma ficção raiz, o qual de longe, não é o propósito do diretor. Ele usa a ficção como pano de fundo para tal afirmação.

Minha nota para esse filme é:

Imagens de Número 7 sem royalties | Depositphotos