Um dos melhores filmes de 2024 (até agora) que não entrará na lista de quase nenhum crítico de cinema. Esse é o sentimento que tive ao sair da cabine de Tuesday – o último abraço. Primeiro porque o trailer já anuncia que se trata de um filme difícil e segundo porque apenas eu e mais duas pessoas fomos conferir a cabine oferecida pela Paris Filmes e pela A24. Fiquei um pouco triste pois um filme tão lindo e profundo merecia mais, até porque a Tuesday cabem várias interpretações, pois essa produção dirigida por Daina Oniunas-Pusic em seu primeiro trabalho para o cinema, lida com um tema bastante difícil: a aceitação da morte como fase inevitável da vida.
No elenco a grande atriz Julia Louis Dreyfus nos entregou a prova definitiva que não sabe só nos fazer chorar de rir, sabe e muito bem também nos fazer chorar de emoção ao interpretar uma mãe que não aceita de forma alguma a morte da filha devido a uma doença terminal. A atriz Lola Petticrew (Ela disse) também está muito bem como a filha que ao longo de 1 hora e 51 minutos tenta convencer a sua incrédula e revoltada mãe que morrer faz parte da vida. E para ajudá-la nessa difícil missão, ela recebe ajuda da própria morte que aqui se personifica na forma de um papagaio falante para “ajudar” no difícil rito da passagem para o mundo espiritual.
E é justamente essa morte personificada que faz as duas protagonistas e o público embarcarem em uma jornada sobre a morte, o amor, a família e a preparação para receber a última etapa da nossa existência aqui nesse mundo. Um filme diferente que usa linguagem figurada em quase toda sua totalidade. Motivo esse que afirmo, sem medo de errar que Tuesday é um filme difícil e direcionado não para o grande público em geral, mas sim para o público que tem perguntas sobre esse tema e quase todas sem respostas. E principalmente pelo fato dessas respostas serem respondidas naturalmente ao longo de todo o filme sem que precisemos indagá-las, apenas não desgrudar os olhos da tela, pois até a passagem da última cena para o início dos créditos é feita de forma abrupta e inesperada, mas totalmente aceitável.
Somente quem já passou pelo processo de perda (seja por qual motivo for) é quem tem direito de indagar ou debater sobre esse assunto. Quem nunca passou por essa eterna dor, não deveria nunca nem tentar confortar nem sequer tentar debater sobre esse assunto com quem já passou por esse pesado e inevitável fardo. O máximo que os que nunca passaram por essa experiência podem (e devem fazer) é oferecer um ombro amigo para que os que perdem terem suas dores amenizadas.
E é exatamente por isso que Julia Louis Dreyfus vai ter passar para poder entender que a perda faz parte. O momento do filme em que ela entende isso, é aonde ela nos mostra a sua diversidade de atuação, pois, não sei se ela passou pelo que ela interpreta, mas sei que ela foi curada de uma doença a qual, segundo ela mesma, a fez mudar vários aspectos e formas de agor em sua vida.
Em meio século de vida aprendi que: “Nascemos sem pedir e morremos sem querer. Portanto, temos que aproveitar esse meio-tempo da melhor forma possível.” Quase ninguém faz isso, o que é uma pena, pois deixamos de aproveitar a nossa preciosa vida ao máximo como ela merece ser vivida, amada e aproveitada.
Minha nota para esse filme é:
Maravilha ! Agora, só esperar sair nas telonas pra se fazer presente ! Parabéns pela análise !
Pena que bons filmes com temáticas mais humanas não tem espaço. Espero poder ver no cinema.