Quando saí da cabine da produção nacional A Jaula em 2022, longa dirigido por João Wainer com Chay Suede e Alexandre Nero no elenco principal confesso que não fiz totalmente o dever de casa e achei que o roteiro o qual foi baseado o filme tinha sido uma ideia totalmente original. Não foi. A Jaula foi baseado em um fato que ocorreu na Argentina e já havia tido um filme acerca do tema, a produção Argentina 4×4, dirigida por Mariano Cohn.  A ideia é simples: um empresário, cansado da violência e de já ter sido roubado várias vezes, prepara seu carro para pegar o primeiro “descuidista” que tentar roubá-lo. Sua missão tem êxito e pronto, acaba aí com a polícia prendendo o meliante. Uma história simples que acabou por aí.

A versão Argentina foi criticado por ser perturbadora e até que meio inovadora por se utilizar de praticamente um único cenário. 4×4 foi lançado em 2019. Em 2022 chegou aos cinemas a versão Brasileira dessa história, que mesmo sendo igualmente perturbadora, eu o considerei até que acima da média. E agora, em 2025, chega a visão Americana dessa subvertiva história.

O ponto em comum o qual as 3 produções carregam consigo são as questões sobre moral e ética levantadas ao longo de cada produção. A desigualdade social, nossas escolhas e as consequências delas, o descrédito que temos com quem pagamos uma pesada carga tributaria e que deveria nos defender, mas não o faz. Tudo isso é mostrado em diferentes níveis nas 3 produções conhecidas.

CONFINADO, Thriller estrelado por Bill Skarsgård e Anthony Hopkins estreia  em maio - Black&CO

Confinado é dirigido por David Yarovesky do interessante e mal aproveitado Brighburn – filho das trevas. No elenco principal, um Bill Skargasrd que achei ter sido um tanto quanto pouco explorado e um Sir Anthony Hopkinks que parece estar atuando no automático. Confinado teve o roteiro adaptado pelas mãos de Michael Arlen Ross de Os descartados, Mariano Cohn, diretor da versão Argentina e Gaston Duprát da série Os vizinhos. Confinado é um dos raros casos do cinema aonde eu gostei mais da versão Brasileira do que da versão Americana. Talvez pelo cuidado dos poucos recursos que a nossa versão versão teve e o que ela entregou. Eu sempre costumo dizer que quando o cinema Americano quer, ele entrega, mas….também quando ele não está a fim….por melhor que sejam o roteiro, os recursos e a dupla central de atores, o resultado não é satisfatório. Um filme que poderia mostrar com sutileza as questões citadas por mim anteriormente, erra feio na violência exagerada em uma realidade aonde as autoridades não aparecem em momento algum da projeção, pois mesmo que prestando um serviço insatisfatório, elas estão lá, e não totalmente ausentes como mostrado nessa produção.

Funciona fracamente como um suspense, mas não passou de mais um bom roteiro mal aproveitado pelo exagero e pela busca exagerada do lucro que terminou por prejudicar o resultado final. Aconselho ao amigo ou amiga leitor que se decidir ir conferir essa produção no cinema, confira a produção Brasileira antes, A Jaula, para ter um orgulinho do nosso cinema, mesmo que pelo menos por um filme.

Essa produção só não decepciona mais pelo fato do diretor se mostrar habilidoso com o ambiente claustrofóbico mostrado durante a projeção. Nosso cinema está precisando de boas ideias com uma certa urgência se quisermos trazer o grande público de volta. E se a escassez de ideias estiver tão séria assim, é só contratar roteiristas inteligentes o suficiente para mostrar uma ideia a qual já conhecemos e apresentá-la sob um outro prisma, como foi o caso de Presença, dirigido por Steven Sodenberg e que saiu de cartaz recentemente do grande circuito exibidor. Uma ideia já mostrada anteriormente algumas vezes, mas de uma forma nova e que, na minha opinião funcionou muito bem.

Minha nota para esse filme é:

Imagens de Número 5 sem royalties | Depositphotos