Acompanho a carreira do cineasta Cearense Halder acredito desde antes dela nascer. Quando lá nos anos 90, muitas pessoas falavam que ele jamais iria conseguir dirigir ou atuar em um filme. Com muita perseverança e foco, ele conseguiu chegar, com esse novo trabalho, ao ápice de sua carreira cinematográfica. Em seu 14º trabalho para o cinema, Vermelho Monet é uma obra prima aonde tudo funciona em harmonia.
Com lançamento previsto para 9 de maio em infelizmente, um número reduzidos de salas de exibição, Vermelho Monet sofre como a maioria dos lançamentos do nosso cinema em nosso próprio país: a falta de divulgação. Em conversa com o diretor na pré-estreia do filme ele mais ou menos que explicou o porque isso acontece. Não é por falta de vontade dos distribuidores e produtores, mas sim do próprio mercado, que parece não dá valor ao seu produto. Motivo esse pelo qual já perdemos vários bons filmes do nosso cinema. Foi isso exatamente o que aconteceu com Tempos de bárbarie. Um excelente filme que praticamente não teve divulgação e passou desapercebido em nossos cinemas. Isto posto, vamos agora falar sobre mais um excelente filme Brasileiro que chega para o grande público.
Halder Gomes (Cine Holiúdi 1 e 2, As mães de Chico Xavier) dirige as atrizes Maria Fernanda Candido (Dom e Dois irmãos), a iniciante Samantha Muller, que dá um show em seu primeiro trabalho para o cinema e o veterano e também grande ator Chico Díaz (Corisco e Dadá, Em nome da lei).
A primeira coisa a se dizer sobre Vermelho Monet é que: NÃO É UMA COMÉDIA. Ao contrário da maioria dos trabalhos anteriores entregues pelo diretor Halder Gomes, os quais nós já sabíamos que iríamos nos divertir muito com personagens bastante peculiares e a divulgação do humor Nordestino, Vermelho Monet é um divisor de águas em sua carreira, aonde ele mostra um amadurecimento e um plural talento mostrando que não é diretor de um gênero só. Halder Gomes nos entrega uma ode as artes em um suspense “quase” erótico que prende a atenção do espectador durante toda sua projeção. Quando achamos que o roteiro (também assinado pelo diretor) vai tomar um rumo esperado e cair na mesmice, ele nos surpreende ao nos emocionar em um universo aonde não só o vermelho é predominante, mas várias outras cores também.
Vermelho Monet, também encanta com sua trilha sonora, que vai de músicas do cantor e compositor Cearense Fagner em ritmo de fado até Donna Summer, conseguindo grande destaque e se tornando personagem na trama. Imaginem uma homenagem a vários mestres da pintura de várias épocas e de vários períodos distintos da história. E olha que eu não entendo quase nada sobre essa área.
Uma pintura em movimento. Uma das coisas que mais me interessou foi a sensação das cores (ou a quase total ausência) vivida pelo protagonista Chico Díaz. A mistura do preto e branco com a cor é um dos pontos mais marcantes nessa produção.
O único deslize cometido pelo diretor, ao meu ver, nesse filme foi termos que dar atenção a duas tramas paralelas, mesmo que se unindo nos momentos finais da projeção com um “plot-twist” bem interessante mostrando que quem achávamos ser inocente, na verdade, era uma das personagens mais inteligentes de toda a trama.
Vermelho Monet é um filme ousado e corajoso que está dando certo. Não me recordo um filme nacional com essa temática. A paixão do diretor por esse universo, ajudou e muito no produto final que nos foi entregue e que, segundo o próprio diretor já está em vias de realizar um segundo filme também nesse universo. Mal posso esperar pelo lançamento.
Vamos ao cinema prestigiar não apenas um ótimo filme nacional, mas também um trabalho raiz de um cineasta genuinamente Cearense que ficou conhecido nos fazendo rir e provou que sabe fazer emocionar também. Fazer o público rir é uma tarefa tão difícil quanto fazê-lo chorar e se emocionar e Halder Gomes prova aqui que sabe muito bem fazer os dois.
Minha nota para esse filme é: