Com estreia programada para essa quinta-feira, 23 de novembro, Napoleão, novo filme do grande diretor Ridley Scott que conta com o oscarizado Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby no elenco principal começa sua jornada nos cinemas mundiais. Infelizmente, Napoleão decepciona durante todas as suas quase 3 horas de projeção. Sou e sempre serei contra biografias no cinema. Normalmente o biografado é possuidor de uma vida muito rica e polêmica que não cabe em 2 ou 3 horas de filme, a não ser que a produção seja a cerca de um episódio específico da vida do biografado. Biografias é material para os canais de streaming, pois, já foi mais do que provado a qualidade de suas produções.
Durante toda a projeção, Ridley Scott não se decide se quer contar sobre as façanhas de um dos maiores militares da história ou se enfoca no conturbado romance que ele teve com sua esposa, Josephine e a incapacidade que ela teve de não lhe dar um herdeiro. No quesito roteiro, essa produção deixou bastante a desejar. Em compensação, na parte técnica essa produção é de um primor sem igual e jamais visto. Fato esse que faz com que o espectador procure a melhor sala em termos de som e imagem que sua cidade tem disponível. Com certeza, Napoleão será indicado a alguns, senão todos os prêmios Oscar nas categorias técnicas na premiação do ano que vem. Figurino, maquiagem, fotografia e efeitos usados na hora certa para nos proporcionar um grande espetáculo. Apenas não gostei muito da edição, pois cortes abruptos foram usados em demasia. Mas lamentavelmente apenas os aspectos técnicos são os pontos positivos por mim apreciados nessa tão aguardada produção. A cena da coroação, por exemplo, que é um dos pontos mais importantes da trajetória de Napoleão, não empolga e dura muito pouco tempo, enquanto que outros aspectos menos importantes de sua vida recebem um enfoque desnecessário tirando tempo de tela de outras passagens mais importantes como seu segundo exílio.
Gostei muito do comentário de um colega crítico que disse que essa produção seria muito mais bem recebida se o título fosse “Cartas para Josephine”, pois a atriz Vanessa Kirby (dos dois últimos exemplares de Missão:impossível) está trabalhando bem melhor do que Joaquin Phoenix, que não está ruim, mas tenho certeza que poderia nos ter entregue um Napoleão bem melhor do que o apresentado nesse filme. Ao meu ver ele está atuando linearmente. Fato que de longe, ele não é.
Está sendo dito nos bastidores que a versão que chegará na Apple TV terá mais de 4 horas de duração. Faço votos para que seja um corte melhor e menos chato do que o apresentado nos cinemas. Pensando bem, eu acho que esse filme nem deveria ter vindo para os cinemas, deveria ter estreado logo de cara na Apple TV com suas horas totais de produção, pois seria bem mais recebeido tanto pelo público quanto pela crítica especializada.
Tenho a mais absoluta certeza que o falecido Stanley Kubrick teria feito um trabalho muito melhor, caso fosse lhe dada a oportunidade de filmar esse épico biográfico, mesmo que com as limitações tecnológicas das décadas de 60 e 70. A produção a ser dirigida por Kubrick barrou em problemas orçamentários, efeitos e técnicas que o cinema daquela época não podia nos entregar. Napoleão não inovou em absolutamente nada do que já vimos em Gladiador ou Coração Valente ou algum outro filme que tenha essa mesma aspiração épica de um personagem que fez parte da história mundial.
David Scarpa entrega, infelizmente, um roteiro fraco e superficial que mesmo com ótimas atuações e uma superprodução não consegue encontrar seu rumo. Deve sim receber indicações de seus protagonistas nas categorias de atuação nas premiações vindouras de 2024, mas nada mais que isso. Vai cair no esquecimento rapidamente.
Com bem mais erros do que acertos, minha nota para esse filme é: