É revoltante sair de um filme tão espetacular e ficar sabendo poucos dias depois que ele está concorrendo a apenas uma categoria na corrida aos prêmios Oscar de 2025. Um dos melhores e mais fortes concorrentes foi totalmente esnobado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood e seus votantes que estava indo tão bem sendo mais justa e menos política há alguns anos e dá um deslize desse, deixando de fora um dos grandes lançamentos do ano passado.
Já falei várias vezes que sou muito contra a biografias no cinema, pois normalmente a vida do biografado ou biografada é muito rica para apenas 2 horas de tela. A não ser que o tema retratado seja apenas um período ou um acontecimento específico. Normalmente biografias funcionam muito melhor em formato de documentário ou minissérie aonde a atenção aos detalhes é bem mais bem trabalhada. Mas como diz aquele velho dito popular: “Em toda regra, existe a excessão”. E esse é exatamente o caso com Maria Callas.
Maria Callas não é a primeira biografia dirigida pelo Chileno Pablo Larraín. No cinema ele já nos entregou Jackie, a respeito das entrevistas de Jackeline Kennedy e Spencer sobre a difícil decisão da Princesa Diana em deixar o Príncipe Charles. Na televisão Pablo Narraín se destaca pela direção dos 4 episódios sobre a vida de Pablo Neruda. Mas, ele se superou em Maria Callas dirigindo uma das melhores atuações, senão a melhor da carreira de Angelina Jolie.
Maria Callas retrata com perfeição os últimos dias da vida da maior cantora de óperas que o mundo já conheceu. Sua luta entre o que é realidade ou não, em um mundo aonde o diretor brinca com as câmeras e faz o espectador ficar na dúvida se os personagens estão mesmo ali ou se é tudo fruto de uma desgastada e sofrida mente aonde a busca pela perfeita voz eterna jamais parece ter fim. Fato esse que foi o causador dos melhores e piores momentos de sua vida e carreira.
Pablo Larraín consegue impressionar em todos os aspectos técnicos desse filme, nos entregando uma produção de altíssimo nível na qual a Paris nos anos de 1970 é retratada quase que perfeitamente na forma do figurino e da direção de arte. Um filme em que perde-se muito se não visto de prima em uma tela de cinema.
Foi muito importante retratar fatos importantes da vida de Maria Callas, como seu envolvimento com Aristóteles Onassis, mas uma das falhas desse filme foi justamente se alongar um pouco demais nesses acontecimentos e deixar meio que para segundo plano o enfoque principal que foram os últimos 7 dias de sua vida, não conseguindo assim, se aprofundar como esperado em nenhum desses dois enfoques. Outro aspecto que eu considerei não muito bom foi que mesmo Angelina Jolie nos entregando uma grande atuação, as sequências cantadas não me soaram naturais e achei que deixaram um pouco a desejar.
O diretor Pablo Larraín precisa trabalhar em corrigir essa falha em sua forma de comandar seus filmes biográficos, pois seus filmes são tecnicamentes excelentes, mas falham em aspectos que jamais poderiam apresentar falhas. Em Jackie, por exemplo, a sincronia das entrevistas em que a voz da própria Jackeline Kennedy é usada, está perfeitamente sincronizada, mas a apatia de Natalie Portman em algumas passagens, são falhas que não poderiam deixadas ser passadas para o público.
Minha nota para esse filme é: