O diretor Robert Zemeckis é um dos mais importantes diretores da história do cinema contemporâneo. Com um sólida carreira construída desde o final dos anos 70, ele se tornou mundialmente conhecido por ser bastante ousado e inovante nas produções que comanda. Exemplos dessa minha afirmação temos inúmeros. Vamos citar alguns para lembrar vocês: De Volta Para o Futuro 1, 2 e 3, Tudo Por Uma Esmeralda, Uma Cilada Para Roger Rabbit, Forrest Gump, Náufrago e O Expresso Polar. Todas essas produções que eu citei são inovadoras e a frente de seu tempo em algum aspecto, seja na concepção da ideia, na inovação dos efeitos ou na ousadia de seu roteiro. E ousadia é um termo perigoso na Holywood de sempre. Pois tanto boa parte de seus realizadores quanto seus críticos ou quanto o seu público, clamam por novas e boas ideias, mas por muitas vezes tendem a rejeitá-las ou por não estarem preparados para recebê-las ou por estarem acostumados demais com a mesmice de sempre. Parece que é mais fácil contemplar ou falar de um filme previsível aonde a única mudança é apenas no cenário e nos atores do que ter que falar sobre algo inovador, sobre algo que realmente vai fazer a diferença em produções futuras.

Dos últimos 5 filmes dirigidos por Robert Zemeckis, apenas 1 trouxe um resultado satisfatório em bilheterias e 1 realmente foi uma mancada sem precedentes. Respectivamente essas produções são Aliados com Brad Pitt que custou 85 milhões para ser feito e arrecadou “apenas” 119 milhões e o Fracasso mundial Pinóquio que segundo consegui apurar conseguiu juntar apenas 33.371 dólares para um suposto orçamento de mais de 150 milhões. Os filmes Convenção das bruxas e Bem-vindos a Marwen , apesar de serem bons filmes, também foram totais fracassos.

O quinto filme dessa lista é, na minha opinião o mais injustiçado de todos, Aqui, a mais nova produção comandada por Zemeckis não merece nem de longe toda essa negatividade a qual está sendo submetida.

Um filme diferente, ousado, a frente de seu tempo e editado de forma bastante díspar. Como citei anteriormente, a própria Holywood afasta o público de bons filmes e boas ideias, muitas vezes por não estar preparada para recebê-los da forma como deveriam.  Aqui é um filme que provoca diferentes e profundas reações em quem o assiste, pois todo mundo já passou pelas situações mostradas pelos roteiristas. Um filme que fala sobre família, procrastinação, escolhas, criação, sonhos e do inescapável ciclo da vida de uma forma jamais vista até hoje no cinema.

Aqui foi escrito pelo talentosíssimo Eric Roth dos ótimos longas Duna, O Informante, Forrest Gump e O Curioso Caso de Benjamin Button. Richard Maguire do desconhecido Peurs du noir e Robert Zemeckis que escreveu os roteiros de De Volta Para o Futuro, O Expresso Polar e A Travessia.

Robert Zemeckis gosta e acerta bem mais que erra quando decide ou trazer novos conceitos ou apresentar velhos conceitos e ideias de uma forma jamais pensada nos cinemas. Foi assim com De Volta Para o Futuro. Colocou a interatividade de humanos e desenhos em um patamar até hoje não superado em Uma Cilada Para Roger Rabbit. E inovou algumas vezes o conceito de captura de movimentos com A Lenda de Beowulf, O Expresso Polar e Os Fantasmas de Scrooge. Nos entregou um filme praticamente sem trilha sonora em O Náufrago e também não fez feio com os longas Revelação e Contato.

Mas como nem tudo é perfeito, Robert Zemeckis deu um leve tropeço na escolha do elenco de Aqui ao escolher os atorres Paul Bethany e Kelly Reilly  para os papéis dos pais de Tom Hanks. Acredito que o resultado seria mais convincente se o casal escolhido fosse de atores mais experientes e mais velhos, visto que isso não faz diferença com a correta aplicação dos efeitos sejam eles de rejuvenescimento ou de envelhecimento no cinema de hoje. A mesma dupla de Forrest Gump, o versátil Tom Hanks e a belíssima Robin Wright entregam o bom trabalho de sempre como a dupla central de protagonistas que passam por tudo que uma família pode passar. Se você quer ver algo de novo no cinema, vá ver Aqui, que vale, sim, sem a menor dúvida o preço do ingresso. E aproveite pois não deve ficar muito tempo em cartaz devido a complexidade de como sua simplicidade é mostrada.

Minha nota para esse filme é:

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