Um dos gêneros que gosto mais de assistir é o de terror. Mas um filme de terror para chamar minha atenção tem que ser um terror que instigue a nossa imaginação, que nos faça pensar se aquilo que vimos realmente existe ou se é apenas fruto de um sagaz roteirista e de um persipicaz diretor ou diretores como é o caso do filme que estamos analisando hoje. Herege. Não estou falando aqui da grande maioria de filmes de terrir os quais somos bombardeados praticamente toda semana. Filmes quase que em sua totalidade imbecis ou de extremo mau gosto os quais as únicas razões de existir são as razões monetárias e financeiras.
De acordo com o glossário, herege significa aquele que ou aquele quem professa uma heresia, ou seja, que questiona certas crenças estabelecidas por uma determinada religião; que ou quem professa doutrina contrária ao que foi estabelecido pela Igreja como dogma. Tendo conhecimento da definição de herege, e se gostas de um bom filme, pode ir para o cinema sem a menor ojeriza, pois Herege é uma das melhores produções desse ano do gênero.
Dirigido a 4 mãos por Scott Beck e Bryan Woods de 65 – Ameaça Pré-histórica. Essa dupla também assina o roteiro de um dos melhores filmes de 2018, Um lugar silêncioso. Herege nos mostra um dos melhores, senão o melhor trabalho de Hugh Grant nesses últimos anos. Hugh Grant deveria sim fazer mais trabalhos de drama e suspense, pois ele já tem uma carreira consolidada com uma pluralidade interpretativa mais mal aproveitada por culpa dele mesmo. Desde quando pude conferir Medidas extremas de 1996 que eu notei a profusão de Hugh Grant em outros trabalhos que não fossem só comédia.
Dividindo a tela com Hugh Grant, as atrizes Sophie Thatcher de Maxxxine e Chloe East de Os fabelmans completam o elenco desse maravilhoso suspense que teve o modestíssimo orçamento de 5 milhões de dólares e até o fechamento dessa matéria já havia arrecadado mais de 32 milhões nos circuitos os quais fora lançado.
Falar sobre religião é um desafio difícil e delicado, pois com seus defensores, seja qual for a doutrina escolhida, normalmente não existe uma conversa que não gere acaloradas e muitas vezes violentas discurssões. Religião sempre é um tema contestador que tem interpretações controversas e ainda mais com o completivo de suspense adicionado pelos diretores.Herege acerta em cheio nesse ponto ao falar do fanatismo de todas as religiões como arma de controle de massa em uma trama que vai cada vez mais nos envolvendo e mostrando um fanático que aparentemente não tem religião tentar convencer da pior maneira possível duas jovens missionárias que o mundo de hoje e de sempre é uma mera ilusão do que achamos que ele realmente é.
Para se fazer um bom filme, é preciso que a história de seu roteiro seja contada de forma convincente sem se fazer necessária uma grande quantidade de atores e atrizes em tela. No caso de Herege, bastaram somente 3 atores principais para que o público recebesse um grande espetáculo. Gostaria que houvessem mais filmes inteligentes assim por ano. A maioria das produções as quais vamos assistir no cinema, nós já sabemos exatamente o que vamos ver em cerca de 95% delas. Herege, faz parte desses 5% os quais pensamos que já sabemos o que vamos ver, mas ao final da projeção, constatamos o engano, pois grande parte de seus diálogos são afrontosos e provocativos. Ainda bem que no caso de Herege, o engano é para o melhor e não para o pior.
Herege é um estarrecedor teste psicológico para saber se você está com sua fé em dia com interpretações bem acima da média e que fazem o público pensar que estão assistindo a uma peça de teatro, mas que infelizmente peca ao exagerar para a violência extrema e sem muita precisão ao meu ver a partir da segunda metade do segundo ato, até o seu apogeu. Parece que a produtora A24 tem a obrigação de mostrar essa explicitude de violência na grande maioria de suas produções. Isso enfraquece um pouco tanto a cadência quanto o saibo ao assistir essa produção.
Minha nota para esse filme é: