Crítica o quarto ao lado (1) | Cine Set

45º filme da grande carreira de Pedro Almodóvar, primeiro falado na língua Inglesa, tem Tilda Swinton e Juliane Moore no elenco e foi o grande vencendor do Festival de Veneza desse ano de 2024. Só isso já vale o preço da inteira. Mas O quarto ao lado é  muito, muito mais que isso. Comemorando 50 anos de uma brilhante carreira cinematográfica, Pedro Almodóvar nos entrega um lindo filme sobre amizade, sobre vida, sobre escolhas, sobre arrependimentos e sobre os desígnios divinos quando Deus nos manda uma luz quando estamos enfrentando um túnel completamente escuro.

O quarto ao lado tem duas protagonistas em cerca de 90% de suas imperceptíveis 1h e 50 de duração. Quando digo imperceptíveis é porque essa produção lhe envolve de uma maneira tal com sua profundidade que mal sentamos na cadeira e quando nos damos conta, já é hora de levantar.  Juliane Moore faz o papel da escritora Ingrind que após vários anos reecontra a velha amiga e repórter de guerra Martha Hunt, papel de Tilda Swinton. Basicamente a história é essa e a reconexão das duas a frente do problema de saúde de Martha que é um câncer terminal.

Pedro Almodóvar consegue, com grande proficiência, nos entregar momentos doces e também laços familiares bastante complexos e como as escolhas que fazemos na vida podem nos distanciar de nossos bens mais preciosos que são nossos filhos. Outro tema também abordado por Almodóvar com igual destreza é o relacionamento entre uma mãe não tão perfeita e sua, não diria revoltada filha, mas muito ressentida e talvéz até mesmo arrependida por ter deixado o orgulho falar mais alto e cair no abismo do afastamento. A filha que também é interpretada por Tilda Swinton e nos mostra sua plurivalência como atriz, mesmo aparecendo nos 5 minutos finais de projeção.

Confesso que, pelo material a que tive acesso, tinha uma ideia um tanto quanto diferente a cerca dessa produção. Tudo levava a crer que Juliane Moore e Tilda Swinton iriam passar por um relacionamento homo-afetivo, o qual não tenho nada contra desde que seja demonstrado de forma respeitosa e atensiosa com o público assistente merece.

Mas dada a compentência da direção e do elenco dessa produção, tenho a mais absoluta certeza que não importa que rumo essa narrativa resolvesse seguir, o resultado seria igualmente brilhante e emocionante.

O relacionamento mostrado em O quarto ao lado é o de amizade na sua forma mais pura, que mesmo após anos separadas e de escolhas completamente diferentes de vida funcionam muito bem tanto como um confronto quanto uma reconciliação contruindo uma diegese de dor e esperança, alternando momentos de profunda dor tanto física quanto moral e profunda intensidade, nos mostrando como as relações de família podem perdurar em meio a querelas, brigas , discordâncias e a egressos emocionais.

Minha nota para esse filme é:

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