NÃO FALE O MAL – UM DOS MELHORES SUSPENSES DO ANO. (ATÉ AGORA)

Desde os anos 60, de tempos em tempos o cinema estadunidense lança um filme de suspense ou terror o qual saimos com o psicológico abalado da sala de projeção. Tudo começou com Psicose de Alfred Hitchcock em 1960. Roman Polanski também lançou seu melhor trabalho em 1968 com O bebê de Rosemary.  Foi assim também com O Exorcista de William Friedkin em 1973, considerado por mim e por quase todos os que o assistiram como o maior filme de terror de todos os tempos. Em 1976, Richard Donner nos apresentou A profecia também igualmente um grande representante do gênero terror/suspense da história do cinema. Ridley Scott popularizou a junção dos gêneros terror e ficção com Alien – O oitavo passageiro. Em 1980, o gênio Stanley Kubrick comandou O iluminado, um filme tão incompreendido que nem mesmo o autor da história original, Stephen King o compreendeu. Em 1982, Tobe Hooper mostrou que não devemos mexer com poderes que não conhecemos em Poltergeist – O fenômeno. O peculiar diretor David Cronemberg nos fez simpatizar com uma mosca em 1986 e ultrapassou as fronteiras do relacionamento entre espécies. Rob Reiner nos fez repensar o relacionamento fã/ídolo em Louca obsessão de 1990. Joseph Rubben nos mostrou que o mal não escolhe idade em Anjo malvado de 1993 e Martin Scorcese provou que vingança é um prato que se serve bem frio em Cabo do medo de 1991. Esses exemplos citados foi só para dar uma ideia de Não fale o mal, novo filme do diretor James Watkins do remake de A mulher de Preto e da interessantíssima série de TV Black Mirror. Não fale o mal também é um remake de uma produção holandesa de 2022 do diretor Dinamarquês Christian Tafdrup.

No elenco temos James McAvoy, um dos melhores atores dessa geração, pelo fato de seu pluralismo em tela, ele foi o jovem professor Charles Xavier da cinessérie X-Men e o psicopata multifacetado de Fragmentado. Mackenzie Davis de Blade Runner 2049, Scoot McNairy da excelente série True Detective da HBO, Alix West Lefler de O enfermeiro da noite e as crianças Aisling Franciosi de A última viagem do Demeter e o jovem Dan Hough mostrando que não veio para brincadeira em seu primeiro trabalho para o cinema.

Fazer um remake de um ótimo filme é um trabalho perigoso e muitas vezes o tiro pode sair pela culatra, pois normalmente a obra original é bem mais interessante do que a sua nova versão. Ainda bem que esse não é o caso de Não fale o mal. James Watkins fez um filme parecido com o original e mudou alguns elementos para satisfazer o público da América do Norte. Se ele tivesse colocado todos os elementos existentes no filme original, eu tenho certeza que essa produção não teria surtido o efeito desejado, pois isso já foi conseguido, e muito bem, na primeira versão. Não fale o mal chega aos nossos cinemas com mais de um ano de atraso devido a greve dos atores e roteiristas de 2023, pois teve suas filmagens paralisadas entre julho e novembro do citado ano.

James McAvoy nos outorga mais uma vez uma performance espetacular e assustadora que mesmo com todo o trabalho do diretor para entregar uma produção hollywoodiana, o resultado final foi, na minha opinião, melhor que o esperado. Uma fato curioso nesse filme, é que a princípio eu o estava achando um pouco cansativo, mas com o desenrolar dos acontecimentos e a chegada da segunda metade, esse sentimento foi totalmente dissipado a medida que a trama vai ficando cada vez mais envolvente e aterrorizante.

O roteiro de Não fale o mal foi assinado pelo diretor da obra original Christian Trafdup, juntamente com seu irmão Mads e o diretor James Watkins. Em consequência disso, a primeira metade da versão estadunidense é muito parecida com a versão Holandesa.

Dois avisos importantes sobre Não fale o mal. Primeiro: não vá assistir essa produção após um exaustivo dia de trabalho. Vá com a mente tranquila e descansada. E segundo: procure não ver nenhum trailer desse filme. Como não gosto de dar spoilers, é só isso que posso dizer.

Minha nota para esse filme é: