Após tantos anos fazendo análise de filmes de todos os gêneros, tem um gênero que quase sempre me decepciona e me faz sair com raiva da sala de exibição são os filmes autobiográficos. O motivo desse meu sentimento: sempre, a vida do biografado é muito rica para caber em apenas 2 horas ou pouco mais de projeção. Biografias funcionam muito melhor nos streamigs como séries ou minisséries aonde a vida do escolhido é mostrada desde o início até o fim. Ao meu ver, a única maneira que uma cinebiografia funciona é quando os produtores escolhem um fato específico da vida do escolhido e o detalham. Aí sim, funciona. E mesmo com alguns pontos negativos, é exatamente esse o caso de A viúva Cliquot, que conta a história da vida de Barbe-Nicole Ponsardin no momento em que ela fica viúva aos 27 anos e assume a vinícola do falecido marido.
Barbie-Nicole Ponsardin nasceu em 1777, era filha de um conhecido empresário têxtil em Reims. Devido a sua condição teve condições e acesso ao que havia de melhor na época em termos de educação e luxo. Casou em 1798 com François Clicquot em um casamento arranjado por seus pais que eram empresários. Quando casou a pequena vinícola Clicquot-Muiron et Fils produzia cerca de 7 mil garrafasde vinho por ano. Fivou viuva em 1805 com apenas 7 anos de casada e assumiu um negócio promissor e em expansão. Foi ousada e teve sorte em receber apoio e consetimento de seu sogro nos negócios. Em um mundo aonde as mulheres não tinham quase nenhuma chance, um período em que havia uma série de proibições de direitos civis às mulheres. Barbie-Nicole Ponsardin se destacou, pois pesquisando e estudando ela descobriu, durante a crise causada pelas guerras Napoleônicas, que o vinho doce de champagne eram muito famosos na Rússia e resolveu investir nesse mercado. Tempos de logística dificílima devido aos bloqueios, foi obrigada a mandar seu estoque até Amsterdã e com o fim da guerra, com a chegada de seus vinhos na Rússia, o sucesso foi quase que imediato, inclusive do Czar Alexandre I. Madame Clicquot também foi revolucionária quando criou um método para resolver os problemas de fermentação e levar a sua bebida ao sucesso mundial. Método que é usado até hoje.
Quero agradecer ao site divvino.com.br que me ajudou nas informações dessa breve biografia.
Agora vamos falar do filme. Terceiro filme para o cinema do assistente de direção Thomas Nappier. Roteirizado por Erin Dignam, de Um lugar e A última fronteira, Christopher Monger dos interessantíssimos O inglês que subiu a colina e desceu a montanha e Temple Gradin e Tillar J Mazzeo.
No elenco principal, Harley Bennet de A garota no trem, Letra e música e a nova versão de 7 homens e um destino, muito bem no papel. Tom Sturridge da série Sandman também muito bom como o atormentado François Clicquot nos derradeiros anos de sua vida.
Uma fotografia muito bem trabalhada com os cenários da lindas vinícolas do Sul da França que nos leva a uma imersão muito interessante tanto na pré, durante e pós guerra. Pois nem tudo eram flores antes do modernismo de hoje, principalmente nos períodos de entresafra.
A produção só peca por querer resumir tudo rápido demais e ao invés de mostrar mais detalhes dessa história tão rica, resume os fatos a apenas 90 minutos de projeção. O que deixa muito a desejar em uma história tão rica e curiosa. Mesmo sendo um filme competente e sério, A viúva Clicquot perdeu uma oportunidade de mostrar mais da vida da biografada. Espero que em um futuro próximo, algum serviço de streaming, se interesse por essa história tão rica que foi mais uma vez não aproveitada como deveria ser na tela grande.
Minha nota para esse filme é: