Lembro-me como se fosse hoje quando assisti a primeira versão de O conde de Monte Cristo com minha família na sala da casa onde morava no início dos anos 80 quando foi exibido pela Rede Bandeirantes de Televisão na época em que a disputa por filmes era acirrada em nossa televisão. Era um sábado a tarde e foi um dos primeiros filmes gravados em nosso recém adquirido primeiro video cassete Philco modelo PVC 2000. Lembro-me bem que achava o máximo poder adiantar de forma super rápida os chatos comerciais os quais não entendia, na época, por que atrapalhavam tanto e os achava completamente desnecessários. Essa versão que tive a chance de conferir foi a primeira feita para o cinema,lançada em 1975 e alicerçada na obra clássica do romancista e dramaturgo Francês Alexandre Dumas (*24 de julho de 1802 – +05 de dezembro de 1870) que além de O Conde de Monte Cristo já nos presenteou também com Os três mosqueteiros, fábula inúmeras vezes adaptada tanto para o cinema quanto para televisão.

A primeira versão foi dirigida por David Green da famosa série de TV Raízes. No elenco dessa versão estavam presentes a nata cinematográfica da época: Richard Chamberlain, Tony Curtis, Louis Jordan, Kate Neligan, Trevor Howard e Donald Pleseance. Recentemente revi essa versão que ainda impressiona pelas atuações e pouco se avelhentou após quase 50 anos de seu lançamento. A segunda versão foi lançada em 2002 e teve no comando o diretor Kevin Reynolds de Ressurreição e Robin Hood – O Príncipe dos Ladrões. Para o elenco dessa super produção foram escalados os astros em destaque da época: Jim Caviezel, Guy Pearce, Christopher Adamson, Henry Cavill em seu segundo trabalho no cinema e a belíssima atriz Polonesa Dagmara Dominczyk. Fez muito sucesso à época até porque também é uma excelente produção cinematográfica.

Quando cheguei ao conhecimento dessa 3ª versão para o cinema, confesso que fiquei temeroso. Não porque a produção é francesa, pois o cinema Francês tem se revelado bastante competente e múltiplo em termos de filmes de ação e aventura. Não tive dúvidas sobre a qualidade da produção. A minha dúvida era de como os Franceses iriam conseguir tirar algo de novo para apresentar ao público após duas versões muito bem sucedidas. A resposta veio imediatamente após começarem os créditos finais: eles conseguiram. Conseguiram em tudo: direção, atuação, fotografia, ação, tudo mesmo. Essa nova versão é dirigida a 4 mãos por Alexandre de La Patellière em seu 3º trabalho para o cinema e Matthieu Delaporte em seu 5º filme. Ou seja, diretores com poucos trabalhos, mas talentosíssimos pelo espetáculo que apresentaram. No elenco, Pierre Niney de Yves Saint Laurent, Anais Demoustier de Alice e o Prefeito e Patrick Mille da mais recente versão de Os Três Mosqueteiros.

O Conde de Monte Cristo - Papo de Cinema

Ao meu ver, o único deslize dessa produção é sua duração. Afinal são 180 minutos aonde algumas cenas que poderiam ser resumidas foram um pouco alongadas e outras eu achei que poderiam ser melhores exploradas se um tanto quanto mais longas. Mas fora essas ressalvas, O Conde de Monte Cristo é um espetáculo de encher os olhos que mesmo tendo essa extensão, consegue prender a atenção do espectador. Fato não muito fácil em se tratando do público assistente do cinema atual.

Essa produção já ganhou vários prêmios e foi muito bem recebido no Festival de Cannes desse ano e ganhou alguns prêmios de melhor produção no Cheval Noir e no Audience Award Fever. Não sei se vai, mas deveria concorrer a prêmios nas categorias técnicas na premiação do Oscar de 2025.

Dizem que a vingança é um prato que deve ser servido frio. E O Conde de Monte Cristo consegue descortinar esse tema de uma forma magnífica, mesmo lembrando que a vingança não é um sentimento que devemos nutrir dentro de nós. E notem bem que estamos falando de uma obra literária que foi escrita a quase 200 anos ainda tem muita coisa que jamais deixará de ser hodierna.

Não posso deixar de citar aqui o ator Mexicano Ramon Valdez quando representando seu personagem de maior sucesso, Sr.Madruga, declama: “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.” Mesmo tendo razão, não existe o humano que não sinta aquela alacridade, mesmo que momentânea quando nos vingamos de alguma coisa ou de alguém.

Minha nota para essa produção é:

Foto Número 9 PNG -