JURADO Nº2 – CLINT EASTWOOD ENTREGA UM DE SEUS MELHORES TRABALHOS NA DIREÇÃO

Clint Eastwood é um dos pouquíssimos cineastas americanos ainda vivo em 2024 e em plena atividade o qual temos que tirar o chapéu. Aos 94 anos ele consegue, acredito eu, o feito único na história do cinema de entregar para o público um de seus melhores trabalhos como diretor, Jurado Nº2. Um profissional completo na área das artes e entretenimento. Durante sua carreira que vem desde os anos 50, Clint Eastwood já atuou em mais de 50 produções, dirigiu 39, escreveu 1 e colaborou no roteiro de vários outros, trabalhou como compositor em 10, produziu 34 e ganhou 4 Oscar, como diretor e produtor por Menina de Ouro e Os Imperdoáveis, prêmios de melhor diretor e melhor filme.  Já dirigiu, produziu, atuou ou compôs a música para todos os gêneros cinematográficos. Fez filmes memoráveis, ruins, mais ou menos e esquecíveis. Nessa última década de sua vida tem se dedicado mais a produção e direção, pois seu condicionamento físico o tem impedido de trabalhar na exaustiva arte de atuar.

Jurado Nº2 é provavelmente seu último trabalho antes de uma merecida aposentadoria e veio como uma surpresa tanto para a crítica e para o público assim como também um tapa na cara para os que pensaram que ele estava acabado e não teria a mínima condição de entregar um trabalho decente devido ao seu último deslize Cry Macho de 2021. Jurado Nº2 está recebendo a aprovação de cerca de 93% tanto de público quanto de crítica de acordo com o site especializado nessa seara, Rotten Tomatoes. O que é muito bom e merece mesmo essa classificação. Só descordo completamente da estratégia de marketing que a produtora do filme Warner Bros. que o lançou nos cinemas apenas nos Estados Unidos e Canadá em apenas 50 salas de exibição. Acho difícil, mas estou na torcida para que receba alguma indicação para o Oscar do ano que vem. No resto do mundo o longa será lançado no Streaming da MAX agora no final de dezembro. Uma lástima, pois além de ser um excelente filme, Jurado Nº2 tinha que ser apreciado no cinema.

Jurado Nº2 é produzido e dirigido por Clint Eastwood, tem o roteiro de Jonathan A Abrams em seu primeiro trabalho para o cinema e conta com grandes nomes no elenco como Nicholas Holt o fera da turma jovem dos X-men no cinema, Toni Colette do excelente Hereditário, J.K.Simons o JJ Jameson dos filmes do Homem-Aranha, Kiefer Sutherland da famosa série 24 horas e Zoey Deutch do interessante O Professor. Filmes de drama passados no universo dos tribunais e dos júris sempre exercem um grande enlevo para o público. As 2 versões de 12 homens e um segredo, O Júri, Acima de Qualquer Suspeita, O Sol é para Todos, Tempo de Matar, Questão de Honra, apenas para citar alguns filmes sobre esse tema do cinema tanto clássico quanto contemporâneo.

A palavra justiça é um dos vocábulos mais ambíguos da nossa vasta e difícil língua. Pois o que alguns ou muitos consideram como justiça, outros consideram como solecismo (equívoco), outros como algo inatingível, alguns como ato justo e a grande maioria como ato falho. É exatamente sobre isso que Jurado Nº2 trata. Várias situações interligadas que levam a condenação de um cidadão que alguns o acham inocente e outros o consideram culpado. Clint Eastwood consegue nos colocar numa grande irresolução com fatos que mesmo apresentado logo no início do filme não atrapalha de forma alguma o desenrolar dos acontecimentos. Muito pelo contrário, é necessário para o desenvolvimento da trama. E mais interessante ainda, mostra como o sistema não é perfeito pois é feito por pessoas que tem as mais variadas motivações para dar um veredito de culpado ou inocente e que vai afetar diretamente a vida do acusado. Mas Jurado Nº2 também nos mostra que não existe, como dizem, refeição grátis.

Tudo que fazemos em nossa vida, a maneira de como conduzimos os nossos atos, tem consequências. Jurado Nº2 é um filme que vai crescendo exponencialmente a cada minuto de projeção. Começa de forma tímida e vai granjeando e alicerçando o espectador a cada minuto de projeção. Se esse for mesmo o último trabalho da carreira de Clint Eastwood ele encerrou de forma magnífica uma brilhante carreira entregando um dos melhores filmes do ano. Merecido. Pena que não chegou aos nossos cinemas.

Minha nota para esse filme não poderia ser outra senão: